1.11.06

"Comandante da GNR afronta Inspecção"

O comandante-geral da GNR, tenente-general Mourato Nunes, considera que os militares da GNR "não usam nem abusam das armas". Este militar garante mesmo que "as armas são sempre utilizadas de forma adequada" e que o principal objectivo dos militares quando utilizam o fogo "é para demover, não para atingir". Declarações que podem ser entendidas uma afronta à Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI), que está a investigar a adequação de disparos recentes de militares da corporação que tiveram como resultado um morto e três feridos.
Mourato Nunes falava à margem de comemorações, em Elvas, do aniversário da Brigada de Trânsito 3 (Alentejo e Algarve), e as suas declarações podem ser vistas como uma "resposta" às críticas que o inspector-geral, juiz Clemente Lima, dirigiu à actuação das polícias e da GNR em particular. O juiz afirmou ao DN (ver edição de sábado), que "campeia o xerifado" e que as chefias policiais demonstram "uma preocupante confusão sobre o objectivo e a natureza das instituições [que dirigem]", sendo especialmente crítico em relação ao discurso do vice-comandante da GNR, general Mourato Cabrita. Este, perante a comissão parlamentar de Direitos, Liberdades e Garantias, onde se deslocou na semana passada acompanhando o ministro da tutela, António Costa, afirmou que "um militar fardado não pode ser desrespeitado", justificando assim o uso da arma. Justificação que Clemente Lima rejeita, considerando que "a arma não é fonte de autoridade" e que essa ideia já deveria ter sido abandonada pelas polícias, queixando-se de ser "muito difícil lidar com o primarismo".
"GNR não será beliscada"
Mas a "resposta" do general vai mais longe. Certificando que "o uso das armas é restritivo" e que "os militares têm interiorizada a forma como utilizar as armas e as consequências que podem advir se a arma de fogo não for utilizada correctamente", Mourato Nunes alerta para o facto de que "com um simples gesto pode-se transformar a imagem da GNR".
A preservação da imagem da instituição leva-o até a assegurar que, apesar de o ministro António Costa ter mandado suspender e instaurar processos a dois tenentes-coronéis da força, na sequência de um inquérito da IGAI sobre suspeitas de negócios ilícitos na Escola Prática da Guarda, "nenhum dado" confirma "até ao momento" a existência de irregularidades naquele estabelecimento. Considerando a situação como "desagradável", Mourato Nunes conclui: "A imagem da Guarda não será beliscada por causa da instauração destes processos."
In DN on line de 01/11/2006

1 comentário:

Anónimo disse...

Os senhores sargentos do trânsito deveriam de ter vergonha, não deveriam andar a precionar o restantes militares para fazer serviços, porque isto é muito grave, nem vosses sabem o que aquilo que querem fazer, esses senhores oficiais deveriam ter um pouco mais de respeito por quem faz o serviço por eles, mas são eles que ganham os loros.