Entrevista do Comandante Geral da Guarda Nacional Republicana
O comandante-geral da GNR, general Nélson Santos, admite que não conseguiu tirar das secretarias para funções operacionais tantos homens quanto o Governo tinha prometido. Mas está convicto de que a reorganização da GNR criou uma força de segurança muito mais eficaz no combate ao crime. Mostra-se orgulhoso das missões internacionais e acredita que a GNR está a contribuir para a paz no mundoDe que forma a reestruturação da GNR vai ser notada pelo cidadão comum?Ao racionalizar meios e ajustar o dispositivo, pretende-se libertar efectivos para a actividade operacional e dar resposta mais pronta e articulada aos problemas da criminalidade. Mais do que socorrer a vítima que precisa de apoio (este apoio sempre esteve e estará assegurado) queremos é que haja menos vítimas em resultado do combate que a Guarda fará à criminalidade com a organização agora implantada e os recursos disponíveis. Consolidada a restruturação, teremos com certeza uma GNR melhor apetrechada e mais eficaz.
O comandante-geral da GNR, general Nélson Santos, admite que não conseguiu tirar das secretarias para funções operacionais tantos homens quanto o Governo tinha prometido. Mas está convicto de que a reorganização da GNR criou uma força de segurança muito mais eficaz no combate ao crime. Mostra-se orgulhoso das missões internacionais e acredita que a GNR está a contribuir para a paz no mundoDe que forma a reestruturação da GNR vai ser notada pelo cidadão comum?Ao racionalizar meios e ajustar o dispositivo, pretende-se libertar efectivos para a actividade operacional e dar resposta mais pronta e articulada aos problemas da criminalidade. Mais do que socorrer a vítima que precisa de apoio (este apoio sempre esteve e estará assegurado) queremos é que haja menos vítimas em resultado do combate que a Guarda fará à criminalidade com a organização agora implantada e os recursos disponíveis. Consolidada a restruturação, teremos com certeza uma GNR melhor apetrechada e mais eficaz.
O principal objectivo da reorganização era, precisamente, libertar dois a três mil efectivos para reforçarem as patrulhas no terreno, segundo as previsões do Governo. Foi conseguido?
Aceito que quando isto foi pensado houvesse essa expectativa de colocar esta gente em quantidade.
Neste momento, 1330 é o valor máximo que conseguimos. Mas a reforma não está acabada. Daqui a seis meses o processo será reaberto e é possível que tenhamos que actualizar este número, aumentando-o. Por outro lado, é minha intenção recorrer ao outsourcing em muitas actividades da Guarda, o que também vai permitir a disponibilização de mais elementos.
Também foi prometida a entrada de 1800 civis para a GNR e PSP, para substituir elementos em funções de suporte e poder transferi-los para funções operacionais...
Para a GNR não foi possível recrutar nenhum. Temos uma carência de licenciados em direito e engenheiros electrotécnicos. Fizemos a consulta e não tivemos resposta nenhuma.
Os novos operacionais vão já começar a fazer patrulhas nas ruas?
Vão ter um período de reciclagem de conhecimentos. No início vão ficar sujeitos a um "estágio" com acompanhamento de militares mais experientes.
Como é que estas pessoas encararam a mudança?
Mudar a GNR é um processo doloroso. Até para mim. Foi nossa grande preocupação que isto custasse o mínimo possível para as pessoas. Dei ordens para que, sempre que possível, os militares ficassem colocados dentro do distrito onde estavam e o mais próximo possível da sua residência. Penso que na generalidade dos casos isso aconteceu.
Esta foi uma reforma profunda e completa. É a grande transformação da Guarda em 100 anos de história. Implicou transformação estrutural, transformação na ocupação de espaços e alterações na vida das pessoas. Profundas. E tudo isto teve que ser feito com a GNR a funcionar.
O crime em Portugal está mais violento?
Penso que não. Segundo os elementos que dispomos, os criminosos ainda hesitam em disparar. Provavelmente porque sabem que as consequências de um disparo são bem mais gravosas no caso de serem capturados. Salvo excepções, não sentimos ainda a chamada violência gratuita. Nota-se que mesmo quando há manifestação de alguma atitude de defesa por parte das pessoas, isso não provoca maior agressividade dos criminosos. Felizmente para os portugueses que tem acontecido pouco.
Como é que a GNR caracteriza o crime violento na sua área de intervenção?
Distingo três categorias. Uma, praticada por indivíduos isolados, que assaltam alguém, com arma ou não, com o objectivo de obterem resultados imediatos. Normalmente estão associados à droga. É a que tem maior peso estatístico. A segunda são os grupos, mais ou menos organizados, que assaltam de forma planeada por exemplo bancos, estações dos CTT ou carrinhas de transporte de tabaco. Normalmente esta criminalidade, em alguns casos, está associada ao carjacking que iniciam os seus assaltos roubando primeiro uma viatura. A terceira categoria são os chamados epifenómenos, como foi o assalto aquela carrinha de transporte de valores na auto-estrada do sul, e que nem será organizado em Portugal.
E qual vai ser a estratégia da GNR?
Por um lado fazer prevenção com as patrulhas diárias. Por outro, apostar muito nas operações de maior envergadura, com alvos estabelecidos. São as operações especiais de prevenção criminal que surtem enorme efeito. Por um lado transmitem sentimento de segurança ás pessoas. Depois incomodam mesmo os criminosos. As nossas informações provam que na área onde actuamos há sempre uma acalmia do crime. Este trabalho tem sempre ligação à investigação criminal. As nossas detenções de maior sucesso, por exemplo as ligadas ao carjacking, deveram-se ao trabalho destas equipas.
E acredita na eficácia prática do novo Sistema de segurança Interna?
Foi um excelente passo. Julgo que é importante haver alguém acima das forças de segurança, algumas de ministérios diferentes, que possa garantir a cooperação, a partilha de informação, de recursos.
E um General não se importa de poder vir a ser comandado por um juiz?
Não tenho qualquer problema. Ainda mais quando se trata da pessoa que é. O Conselheiro Mário Mendes é um cavalheiro.
Partilha a opinião do juiz-conselheiro Mário Mendes em relação a ser criada uma tutela única para todas as polícias, incluindo a PJ?
Não vejo inconveniente. Acho que só traria vantagens para o nosso principal objectivo que é combater a criminalidade. Estando juntos e havendo uma orientação conjunto é muito melhor.
E uma polícia nacional, única?
Isso não. Cada força tem o seu papel.
Está satisfeito com o orçamento para 2009?
Permite-nos cumprir a nossa missão.
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1 comentário:
Não sei como diz que tem falta de Engenheiros Electrotécnicos e advogados, se eles existem dentro da GNR e estão a exercer outras actividades que nada têm a ver com a engenharia ou a advocacia. Acho que existe uma grande falta de atenção para os recursos que dispõe ou então está muito mal assessorado.
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