9.1.07

Forças Armadas podem vir a combater fogos

Os deputados que fazem parte da Comissão Eventual para os Fogos Florestais (CEFF) querem que o Governo equacione "atempadamente" a participação das Forças Armadas na prevenção estrutural e no combate aos incêndios florestais. Esta é uma das sugestões que fazem no segundo relatório da CEFF, que deverá ser hoje aprovado na Assembleia da República.
Neste documento, a que o PÚBLICO teve acesso e que pode sofrer pequenas alterações na votação de hoje, avaliam-se os resultados obtidos em 2006 como "globalmente positivos". Mesmo assim, os deputados não deixam de fazer sugestões para um aperfeiçoamento do sistema este ano.
Os parlamentares recomendam a sensibilização dos cidadãos para a importância do seu envolvimento nos alertas de incêndios, utilizando para tal os números de emergência. "Verifica-se que quase metade das comunicações são feitas directamente para os corpos de bombeiros, acarretando significativas perdas de tempo e eficácia no despacho dos meios de ataque inicial nos Comandos Distritais de Operações de Socorro", lê-se no documento, que tem como relator o deputado socialista Carlos Lopes.
O relatório considera ainda essencial prosseguir na promoção de campanhas que contrariem os comportamentos de risco durante o Verão, designadamente a queima de sobrantes da actividade agrícola e florestal. No documento são apresentados as principais infracções levantadas pela GNR. Mais de 70 por cento dos quase 3350 autos de contra-ordenação registados dizem respeito a queimas de sobrantes, 24 por cento a gestão das faixas de combustível e dois por cento a queimadas. As fogueiras ilegais representam 1,7 por cento das multas e o lançamento de foguetes 0,3 por cento.
Dotar de mais e melhores acessos as áreas protegidas, onde o ano passado foram queimados 11.700 hectares, é uma das recomendações dos deputados, que alertam ainda para a necessidade de reforçar as equipas de sapadores florestais, de criar mais postos de vigia e de fornecer equipamentos necessários ao combate aos fogos florestais.
Apesar de a área ardida o ano passado (75 mil hectares) ter descido para cerca de um terço da registada entre 2000 e 2005, os deputados notam que "ainda se verifica um número demasiado elevado de ignições" e de incêndios de grandes dimensões. Por isso entendem que em cenários complexos se revela essencial a aposta no enriquecimento técnico do comando com "analistas de incêndios", técnicos com formação no uso do combate indirecto, como o vulgar contrafogo.
Mariana Oliveira in Público Online

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