11.12.06

Governo cria empresa para gerir função pública

O Governo vai criar uma empresa pública para gerir a reforma da Administração Pública, que cobrará os seus serviços aos vários departamentos do Estado.
A entidade terá a cargo a gestão e acompanhamento dos funcionários em mobilidade especial, mais conhecidos por supranumerários, mas também todas as actividades relacionadas com a prestação de serviços de suporte à Administração Pública.
Entre essas actividades constam todas as relacionadas com os recursos humanos - como sejam o processamento de vencimentos e análise do desempenho -, mas também a contratação centralizada de bens e serviços, no âmbito do sistema nacional de compras públicas, e a gestão da frota automóvel do Estado.O projecto de lei, que institui a criação da futura Empresa de Serviços Partilhados da Administração Pública (ESPAP) - e ao qual o DN teve acesso - , já vai na sua segunda versão.
E prevê que o processo de empresarialização dos serviços públicos não fique por aqui, pois a nova entidade poderá constituir outras. No projecto de lei, refere-se que a ESPAP pode "proceder à constituição de sociedades comerciais integralmente detidas por si ou igualmente participadas pelo Estado, com vista ao desempenho indirecto das atribuições que lhe são cometidas".
Esta possibilidade leva o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado a considerar que "o Governo tira da sua cartola de surpresa um coelho que gerará cada vez mais coelhinhos". E lembra que o objectivo anunciado do programa de reestruturação era precisamente a redução de serviços e de pessoal.
O mesmo documento consagra ainda a possibilidade de a ESPAP fazer compras de bens e serviços por ajuste directo até 31 de Março de 2007, desde que sejam consideradas imprescindíveis à concepção, instalação e funcionamento dos sistemas de informação e de gestão relativos à mobilidade especial de funcionários e agentes.
De acordo com o projecto, os serviços partilhados vão realizar-se primeiro no universo do Ministério das Finanças, "podendo ser progressivamente alargada a outros departamentos governamentais".
Enquanto a administração directa está obrigada a recorrer à nova empresa para todas as aquisição de bens e serviços, os institutos e as entidades do sector público e empresarial e da administração autónoma não estão. Com esta medida, o Governo abandona a ideia inicial de uma unidade de missão, transitória, para implementar a reforma e aposta na multiplicação definitiva de empresas.
DN Online 11/12/2006

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