Nos finais dos anos de 1944 e início de 1945 as Tropas Nazis retiraram ordenadamente dos países ocupados onde tinham praticado atrocidades, massacres e destruições inenarráveis, demolindo pontes, estradas e edifícios públicos com valor histórico, pilhando os recheios que julgavam ainda lhes poderiam ser úteis na mãe pátria.
Esta imagem de intróito serve para recordar evidentemente, mal comparado e só como caricatura o que recentemente sucedeu na entrega das antigas instalações do Quartel da EPST à Guarda Nacional Republicana nesta cidade.
O Exército, proprietário do imóvel, mandou retirar tudo o que podia, ficando exclusivamente as paredes e mesmo essas, algumas, foram destruídas levando tudo o que lhes poderia interessar para ulterior utilização não obstante cada vez maior redução de efectivos de guarnições, de quartéis e de instalações logísticas.
Lapidar foi a retirada de todo o mobiliário, de alcatifas, passadeiras, candeeiros, apliques e de todos os adornos que foram adquiridas ao longo dos anos e adaptados àquele edifício e que representavam muito do historial militar da cidade e que custaram dinheiro, empenho e sacrifício, sendo uma referência para todos os que serviram com abnegação e amor aquela Unidade militar com várias gerações em quase uma centena de anos.Tudo isto causa natural perplexidade.
O facto de se terem retirado as marmitas a vapor destruindo o chão da cozinha recentemente construída e ainda a retirada de fios de cobre das instalações que por certo não servirão para mais nada do que para ficar eternamente em arrecadações ou até serem objecto de cobiças e de furtos nos levam a admitir estas acções como muito pouco adequadas à mudança de missão daquelas instalações.
Não chego ao ponto de dizer que a Guarda Republicana não será capaz de resolver este problema mas será o povo português que irá pagar as despesas que terão que ser feitas para adaptar e melhorar tudo aquilo que foi destruído e levado sem ter havido conversações que aos olhos da população da cidade não parece ter sido correcta.
Imaginem que se chegou a esventrar a capela retirando-lhe uma placa de mármore do altar que provavelmente de nada servirá no futuro e que foi transportada para Lisboa não se sabe para que aplicação.Mal vai um país onde as Instituições que defendem a sua soberania se comportam desta maneira insólita e inapropriada.
Os nossos avoengos diriam por certo. São gentios Senhor!
In Diário das Beiras On Line
01-12-2006
Carlos Cachulo
11 comentários:
Mal vai a Tropa que não respeita a sua própria história, pilhando,destruindo e desrepeitando o Património Público.
Zé Gato
Amigo Zé Gato
É o retrato do país que somos....
Palavras para quê? Portugal no seu melhor.
Zé da Boina
Diálogo entre um oficial da tropa e um Oficial Guita:
"mas olhe que nós na tropa também nos fartamos de trabalhar.
A fazer o quê pode saber-se?
Muita coisa. Para além das formaturas, jogamos às cartas, bebemos umas cervejolas, andamos a ver as catraias, fatigamo-nos a dormir, é uma canseira, um labor que só visto.
Olha nós no Grupo Territorial de
Matosinhos, Penafiel, Sintra e Almada, fazemos exactamente "a mesma coisa, mas ao contrário, percebeste?"
O Oficial de Alta Escola
E ele compreendeu?
Zé da Boina
Zé da Boina, Zé da Boina, nasceste hoje?
Oficial de Alta Escola
Ao Oficial de Alta Escola
É que às vezes esse senhor podia ter dúvidas. Só isso nada mais!
Eu já conheci e conheço muitos que andam em dúvida permanente e daí não conseguem sair, ou seja vivem permanentemente no mundo das trevas e têm como desígnio arrastar para lá os outros. Mas daqui caminharíamos já para a Alegoria da Caverna de Platão e para outras discussões conexas, portanto neste capítulo não me quero alongar mais, deixo isso para o Túlio Hostílio, rapaz letrado e que de vez em quando anima as hostes, em conjunto com outras vedetas que actuam ali para os lados do Arremaxo.
Quanto ao meu nascimento já está quase a expirar o meu prazo de validade...Resta-me saber se nos meus desígnios está escrito "consumir de preferência até../../..", ou pelo contrário estará lá um seco e duro "consumir até ../../..". Certamente saberá a diferença.
Zé da Boina
A História do Sargento Formiga
Agradecimentos
À minha grande musa inspiradora Aldirene, actualmente quadro superior do grupo Telefónica, ex-miss Belo Horizonte, com quem travei conhecimento numa viagem que fiz ao Brasil, país que a partir daí começou a fazer parte integrante e constante do meu roteiro.
Quando estamos mais afastados em termos de milhas áreas, esta minha musa inspiradora nos dias pares envia-me mail’s com histórias da luta do bem contra o mal, sobre Jesus Redentor, as Cartas de S. Paulo aos Coríntios, bem como citações dos Salmos adaptados à vida dos nossos dias, e nos dias impares remete-me outros, cujo conteúdo até faria corar o José Vilhena nas suas descrições mais pitorescas, além de falarmos, diariamente, através do MSN, jogando ao “despe-despe” “on line”.
Notas Prévias
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência........
Esta história foi inspirada numa fábula de La Fontaine, tal como versão cinematográfica do Crime do Padre Amaro (onde intervém em grande estilo, exemplificando para o grande público diversas posições e artes do Kama Sutra a Soraia Chaves), se inspirou no livro homónimo do Eça de Queiroz.
Índice
I. A Chegada
II. A Produtividade
III. “A apertada supervisão”
IV. Chega um Gestor
V. O Gestor em acção
VI. Epílogo
I
A chegada
Acabado que foi o Curso de Formação, o recém promovido Sargento Formiga, de seu nome Armando dos Santos Formiga, é colocado no Posto de Vila Aluída, por escolha, destinando-se a Comandante do Posto.
Indo substituir um outro camarada, muito experiente na “arte de bem comandar todo o Posto”, o qual nos últimos dois anos tinha sido nomeado para todos os cursos possíveis e imaginários para o desempenho daquela função, desde informática, a liderança, a atendimento ao público, bem como, dominava na perfeição toda a problemática da investigação criminal, do ambiente, processo penal, etc, etc, etc. Em suma um verdadeiro às. Mas entretanto viera a promoção e com ela as malas tiveram de ser feitas apressadamente, rumando em direcção ao Sul (ao que consta o efectivo do Posto no Natal anterior tinha-lhe oferecido um livro com um nome muito semelhante, enfim coincidências da vida), acabando por aterrar, como gerente de uma messe, algures entre Sagres e Vila Real de Santo António.
Feita que foi a reunião da praxe com o efectivo, a visita às entidades locais, a ronda à zona de acção e o relatório de posse comando, lá começou o Sargento Formiga a mourejar cheio de energia.
II
A Produtividade
Todos os dias, o Formiga, depois de ter atendido o telefone e telemóvel de serviço, um sem número de vezes durante a noite, chegava bem cedo, rondava, inspeccionava, escalava, aquilo era uma roda-viva, saindo sempre noite dentro.
Rapidamente se começou a destacar dos seus pares, devido à motivação que conseguiu imprimir aos seus subordinados e à dinâmica do serviço prestado em termos de segurança às populações que servia, o que lhe mereceu rasgados elogios das autoridades locais e da cadeia hierárquica onde estava inserido.
Entretanto, havia sido encomendado um estudo a uma empresa de consultadoria, dessas que agora pululam aí pelo mercado e que têm receita para tudo, o qual recomendava de uma forma acintosa que todos os Postos cujo desempenho fosse do tipo daquele que era demonstrado pelo de Vila Aluída, deveriam ser alvo de uma “apertada supervisão”, porque se os resultados já eram muito bons, com esta “apertada supervisão”, certamente e sem sombra de dúvidas, a produtividade iria aumentar de forma exponencial.
III
“A apertada supervisão”
Para efectuar esta “apertada supervisão”, foi nomeado o Capitão Gancho, o qual começou, imediatamente, a preparar enormes e bem estruturados relatórios, ao mesmo tempo que padronizou o horário de entrada e saída do Formiga, chamando-o ao gabinete onde fez questão de lhe dizer em tom solene e admoestador:
- O senhor a partir de hoje chega às 09.00 e sai às 17.00, não o quero nem com um minuto de atraso, senão terei de proceder em conformidade. De tudo o que fizer terá de me dar conta para posterior aprovação. Aqui tem o seu cartão de ponto para meter na máquina todos os dias. Isto não é por mal, mas como compreende tem de haver regras, senão grassa a anarquia e a anarquia é inimiga visceral da hierarquia.
Como não poderia deixar de ser, lá saiu o Formiga triste e cabisbaixo, sentindo-se totalmente limitado nos seus movimentos e acção de comando.
Para executar cabalmente a missão que lhe tinha sido determinada, o Capitão Gancho de imediato sentiu necessidade de dois adjuntos para o ajudar a preparar os relatórios e na organização do expediente geral, arquivo e comunicações, requisitou o Oficial de Alta Escola e o Gangas, ambos com uma pós graduação em Segurança Geral, tirada em regime de “e-learning”, numa universidade virtual americana.
O escalão superior estava cada vez mais encantado com os relatórios do Capitão Gancho, dado que desde que estava devidamente assessorado, estes já incluíam gráficos com indicadores e análise de tendências que eram mostradas em reuniões, provando-se assim que se estava no caminho certo, viajando-se à velocidade da luz em direcção à eficiência e eficácia.
O Capitão Gancho não cabia em si de contente e para se aprimorar ainda mais, numa fria tarde de final de Outono mergulhou na FNAC do Chiado, tendo-se previamente inspirado nas lindas iluminações de Natal que emolduravam aquela parte nobre de Lisboa, e descobriu uma verdadeira pérola que o iria catapultar para o estrelato: MANUAL DE COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL, do Miguel Cunha e do Arménio Pina, RH Editora, deu três voltas à loja fingindo-se desinteressado ao mesmo tempo que ia fazendo contas de cabeça, mas depois de beber um café servido por uma atraente mulata da Cova da Moura, voltou atrás e lá desembolsou os 38,16 €.
IV
Chega um gestor
Rapidamente se conclui que tinha de se aumentar, de forma urgente e inadiável, o parque informático (computadores, impressoras a cores, etc, etc, etc……). Tudo aquilo, nas barbas do Sargento Formiga, cada vez mais limitado e atascado em serviço, porque além de tudo o que já fazia, ainda tinha que alimentar os mapas, mapinhas e gráficos do Capitão Gancho e dos seus acólitos, começando a entrar em stress com todos aqueles papéis e constantes reuniões, vendo o seu efectivo a ser paulatinamente sorvido pelo escalão superior.
Lido e devorado o manual, em tempo recorde, havia que tomar decisões e rumar em direcção ao futuro, todos se admiraram de tal feito, porque o senhor Gancho era mais dado à leitura dos diários desportivos (desde que devidamente pintalgados a encarnado) e às páginas três, quatro e cinco do Correio Matinal.
Uma das primeiras medidas foi contratar um quadro de topo, com conhecimentos de gestão e de alguns rudimentos jurídicos, para que se rumasse em definitivo para a excelência em termos de produtividade, e logo se pensou no Abusus. Este exigiu, para o seu gabinete, tapetes de Arraiolos, secretária e mobília em pau-preto, bem como uma poltrona especial, toda forrada em pele genuína, além de um sistema informático e de vídeo vigilância de última geração. Fez-se ainda acompanhar de um assessor, amigo de longa data e especialista na “arte de tudo bem resolver através dos canais informais”: o Triciclo.
Abusus todos os dias chegava feliz ao trabalho, e em grande estilo. Fazendo-se transportar num Mercedes SLK, acompanhado por uma loura oxigenada, toda curvilínea, depois de tomarem café na pastelaria da esquina, e de darem um terno beijo de despedida, ela seguia marginal fora, cabelos esvoaçando ao vento, óculos escuros Armani, bem olorada com “AMOR AMOR” da Cacharel, em direcção ao Bar do Guincho, para se encontrar com o grande amor da sua vida, ao que consta um rapaz alto, de cabelo curto e óculos escuros, vestido e equipado a rigor com artigos contrafeitos. Passados alguns instantes desapareciam, inevitavelmente, pela estrada da Malveira da Serra, provavelmente para desfrutar das magníficas paisagens que abundam naquela linda costa desde o Cabo da Roca até Peniche.
V
O Gestor em acção
Enquanto isso o Abusus, começou a delinear um plano estratégico de melhorias e de controlo orçamental para a área onde trabalhava o Sargento Formiga, o qual cada vez mais se sentia tolhido e sem capacidade de resposta, tanto a nível interno como externo, começando a ficar com uma tez amarelada, macilenta, evidenciando sintomas de astenia, tornando-se distante e olhando frequentemente em direcção ao vazio, mas acima de tudo denunciava alguma desmotivação. Logo a produtividade em vez de subir exponencialmente, começou a descer a pique, para níveis assustadores.
Abusus em estreita colaboração com o Capitão Gancho e os acólitos de ambos, tentaram encontrar explicações para o que estava a suceder, lançaram mão de tudo, até de um estudo sobre as condições climatéricas e a sua influência nos elementos ligados às diversas áreas da segurança. Mas nada resultou, foi uma luta inglória.
Mais uma vez a solução passava por uma empresa de consultadoria. O Triciclo logo se lembrou de uma sedeada algures nas Avenidas Novas e gerida por uma sua amiga de longa data, a qual no dia seguinte entrou logo em campo. Foi um mês de entrevistas, inquéritos, análise dos gráficos e dos relatórios.
No final surgiu um extenso documento de cerca de quinhentas páginas, segundo o qual havia uma pessoa a mais no meio de toda aquela engrenagem: O Sargento Formiga. Concluindo-se ainda que de futuro não deveriam ser colocados sargentos a exercer aquelas funções, porque “não aguentavam a pressão de apertada supervisão visando o aumento exponencial de produtividade em direcção a um quadro de excelência”, levantando-se mesma a hipótese de extinção desta categoria.
VI
Epílogo
Tanto quanto sei, o Sargento Formiga, foi reformado, tendo sido considerado incapaz para todo o serviço, estando na base desta decisão problemas do foro psiquiátrico devidamente comprovados.
Passados alguns tempos, depois ter tido conhecimento desta história, fui a uma loja de uma cadeia de hipermercados e qual não foi o meu espanto quando vi uns seguranças fardados e equipados a rigor com tecnologia de última geração, ostentando como símbolo uma formiga musculada e por baixo a insígnia “ANT – SECURITY SERVICES”. Ao que consta é propriedade de um tal Armando dos Santos Formiga que rasga os céus do mundo num jacto privado, dominando por completo e em absoluto o mercado da segurança privada, com sucursais a nível mundial.
Quanto ao projecto de “aumento exponencial de produtividade em direcção a um quadro de excelência”, recorrendo “a uma apertada supervisão”, para Postos cujo desempenho fosse do tipo daquele que era demonstrado pelo de Vila Aluída, foi sub-repticiamente abandonado, desconhecendo-se o actual paradeiro dos respectivos intervenientes, dando tal facto origem a uma notícia minúscula, colocado, estrategicamente, no canto superior esquerdo da última página do Correio Matinal.
Notas Finais
Depois desta extensa história, onde como avisei no início, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência........, vou beber uma água de coco com a minha Aldirene, à sombra dos verdes coqueiros, aqui neste areal imenso, banhado por águas cálidas e de seguida recolher-me com ela na nossa acolhedora “chácara”.
Túlio Hostílio
Ao Túlio Hostílio
Adorava escrever assim, mas só sei falar e mal.
Zé Gato
Foi, de facto, uma luta inglória!!!
ABUSUS
Abusus
Tens andado desaparecido, deves de andar a preparar a época natalícia.Em Janeiro cá nos encontramos.
Túlio Hostílio
Boa tarde pessoal.
Cheguei tarde mas creio que ainda a tempo de me informar das questões mais badaladas da actualidade.
Então ninguém fala do corte nos subsídio de refeição e nos descontos acrescidos para o sistema de saúde.
É só patáti, pátátá...
Vamos lá excelências, senhores licenciados. Há que esgrimir argumentos. Está bem, está mal, assim, assim...
Boa continuação e desculpem a brincadeira.
"Oficial de Outros Ofícios"
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